Jundiaiense fala do medo em Ouro Preto, após alerta sobre barragem da Vale em Vargem Grande
Leia mais AnáliseO risco de rompimento de barragem Vargem Grande, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte (BH) provocou a interdição da BR-356, no acesso a Itabirito e Ouro Preto, por tempo indeterminado entre os km 35 (Lagoa das Codornas) até o km 50 (portal de Itabirito). Logo que vi a notÃcia, nesta quarta-feira(20) pensei na jundiaiense Bel Gurgel que tem um trabalho hercúleo na região, em prol das artes. Fiz contato para saber como ela está com o alerta sobre o rompimento da barragem.
“Pedro, desde ontem (20/2), a cidade, depois do alerta, da nota da Prefeitura à população, a insegurança é geral. Estamos sentindo muito medo. Estamos suscetÃveis desse jeito à sorte? Ao além??? Não é justo! Para chegar em BH temos que pegar uma estrada cheia de caminhões andar mais de 85 km num tráfego absurdo!”, confirma a jundiaiense Isabel Gurgel, que entre idas e vindas está na cidade que é Patrimônio Cultural da Humanidade faz 20 anos.
Para se ter uma ideia, os carros de passeio e veÃculos leves em geral deverão fazer um desvio de 43 quilômetros passando pela MG-030 em Nova Lima e Rio Acima, até chegar a Itabirito. Já para os veÃculos pesados a viagem pode aumentar em até 80 quilômetros, passando pela BR-040 em Ouro Branco, seguindo até Ouro Preto pela MG-443 para chegar a Itabirito. Se o motorista chegar na entrada da MG-030 e, quiser enfrentar um trecho de terra pela comunidade Lobo Leite, o desvio caà para 43 quilômetros.
“Se um local patrimônio cultural da humanidade, com 70 mil habitantes, está à beira de uma calamidade como essa ou perto disso quem é culpado? A gestão pública!!! Não há planejamento urbano! É muita instabilidade. É um absurdo isso. Pra piorar não para de chover!”, desabafa a criadora e presidente executiva do Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA), uma associação civil sem fins lucrativos, financiada por donativos públicos e privados.
Bel Gurgel informa que a missão definida nos estatutos do IA é a de viabilizar o desenvolvimento das comunidades, inicialmente de Ouro Preto, Mariana e região, fomentando as expressões artÃsticas endêmicas – portanto exaltando a diáspora africana e a gênese da nacionalidade -, por meio de residências artÃsticas que promovam diálogos com a arte e artistas do mundo em seus processos de criação. Mas o alerta a deixou indignada. “Eu realmente estou pensando se fico aqui ou se passo um tempo fora com Sofia (é a filha de 13 anos de Bel). E o instituto? São 7 anos de projeto. Acabamos de ser aprovados na Lei Rouanet para a primeira fase do IA: plano anual das atividades do IA para 2019. Quem vai arcar com isso?”, indaga. “É muita vulnerabilidade!”, desabafa.
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